Foi uma declaração que evoca desertos por atacado, porque um só não chegaria. A uns foi buscar as ideias e a outros, a tanta areia que nos atirou aos olhos. Sobre a primeira questão: fazer uma declaração quer dizer falar, e falar quer dizer fazer-se entender. A declaração de Cavaco Silva, de ontem, é nada. É filha desse linguajar de assessores e que é, no essencial, um insulto aos cidadãos, a quem os políticos devem, e raros cumprem, uma língua tersa, clara. Sobre a segunda questão: se ele não disse nada, sugeriu muito. Cavaco Silva manipula quando não refere as peças fundamentais e iniciadoras deste assunto: as duas manchetes do Público, a 18 e 19 de Agosto, que lançaram as suspeitas da Presidência sobre o Governo. A lacuna não é ingénua, porque essas manchetes demonstram quem teve a iniciativa do escândalo. E o que dizer sobre o "fiquei a saber" - ontem acontecido a Cavaco, nas palavras do próprio - que os computadores de Belém são vulneráveis? O mais piedoso que há para dizer é que ele quis mesmo empurrar-nos para as suas suspeitas - manipular-nos, pois. Porque a outra hipótese, ele desconhecer, até ontem, que todos os computadores (de Belém à Casa Branca) são vulneráveis, essa hipótese é insultuosa para o Presidente de Portugal.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Escutá-lo não vale a pena
Publicada por Isabel Ferreira à(s) quarta-feira, setembro 30, 2009
Etiquetas: Política, Sem comentários ...
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1 comentários:
Ferreira Fernandes é dos poucos cronistas da nossa praça que de modo preciso e conciso desenriça a meada em que o Presidente da República se envolveu. Parabéns.
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