A revista Reader's Digest abriu falência nos Estados Unidos. Já não a leio há anos, mas também não como pitangas há anos e se me anunciassem o fim delas ficava triste e ia para um cantinho ter comigo. Enriqueça o seu Vocabulário, Piadas de Caserna, Rir É o Melhor Remédio, O Meu Tipo Inesquecível... Já trabalhei numa dezena de jornais e de nenhum me lembro de tanto nome de secções. A Enriqueça... era assinada pelo primeiro Buarque de Holanda da minha vida, antes do sobrinho me embalar, e, até, muito antes do primeiro nome do autor, Aurélio, virar sinónimo de "dicionário" (só em 1975 ele publicou o Novo Dicionário da Língua Portuguesa). E nem foi ali que aprendi a palavra "flagrante", foi na secção Flagrantes da Vida Real. Nas Selecções do Reader's Digest a escrita era despretensiosa, concisa (só no título é que não) e lançava o anzol com boas iscas para ir direito ao assunto. Ler a revista desde garoto, ainda nas edições brasileiras (e, soube mais tarde, onde até as receitas de cozinha podiam ter sido traduzidas por José Rodrigues Miguéis), não me preparou, receio, para vir ganhar a vida no jornalismo português. .
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