Acabou a crise, agora já é mais do que superoficial. É convicção funda, daquela que se adquire no sofá, a ver o país a passar-nos à frente, pelo telejornal. Há dias, quando nos surgiu aquele número acima da água, resvés mas acima da água, os tais 0,3%, ainda desconfiei. Eu, números, só palpáveis. O que é um número palpável? É o que leva uma trabalhadora da Dura, de componentes de automóvel, na Guarda, a um suspiro de alívio, porque não vai haver mais lay-off (outro suspiro: "Até já há colegas a fazer horas extraordinárias.") Outros suspiros palpáveis, no mesmo telejornal, os dos trabalhadores da Autoeuropa, ao saberem que já não haverá os ameaçados quatro dias de lay-off em Setembro… Mas nem foram esses números palpáveis que me animaram. A prova provada de que isto vai de vento em popa trouxeram-me os sindicatos da Groundforce, dos trabalhadores que lidam com as bagagens no aeroporto de Lisboa. A empresa deu 38 milhões de prejuízo no ano passado e vai perder 25 milhões este ano. Resposta dos sindicatos: greve no fim do mês de Agosto. No pico do negócio de um aeroporto! Aí, sim, convenci-me: já voltamos a ser alegremente irresponsáveis, a crise acabou.
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