No seu programa Canal Livre, o apresentador brasileiro Wallace Souza anunciava:
“Onda de violência em Manaus, onde todo o mundo mata.”
“Onda de violência em Manaus, onde todo o mundo mata.”
Ilustrando a frase, o programa mostrava imagens condizentes (chegou a ver-se um corpo ainda fumegante e o repórter dizendo: “Cheira a torresmo”). O povo do Amazonas, o estado mais sem lei do Brasil, acreditava no seu apresentador (Canal Livre era dos mais vistos), a ponto de o eleger para o parlamento estadual (onde ele foi sentar-se como o deputado mais votado).
Aliás, Wallace Souza acreditava também em si próprio, tanto, que a sua frase ele tomou-a à letra. Em Manaus, todo o mundo, até o apresentador do show criminal, mata. Souza está a ser julgado por cinco assassínios cometidos com duplo objectivo: o vulgar, eliminar concorrentes de tráfico de drogas, e o extraordinário, aumentar as suas audiências (como julgam que ele foi o primeiro a chegar ao corpo fumegante?). O estilo não é tudo, mas que é um bom indício, é. Nem todos os apresentadores rascas de programas rascas chegam a apertar o gatilho, mas o estilo deles revela que o seu mundo é o dos crimes com que tanto se indignam.
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