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Günter Schabowski, porta-voz do Politübro, dava diariamente a cara pelo governo e anunciava a novas medidas em conferências de imprensa que eram transmitidas em directo.
Naquela tarde fria de 9 de Novembro, Schabowski, hoje com 80 anos, entrou na sala para ler o comunicado dando conta da resolução do governo que autorizava os alemães orientais a viajar para o ocidente sem quaisquer restrições burocráticas.
Schabowski acabara de receber a nota e mal a lera. No final da conferência, um jornalista da NBC perguntou-lhe quando é que as novas regulações entrariam em vigor. Ele passou os olhos pelo papel e respondeu: "Sofort, unverzüglich [Já, imediatamente]" .
Nesse mesmo instante, a agência Reuters noticiou que os alemães orientais podiam, desde logo, atravessar a fronteira inter-alemã em qualquer ponto. Ao mesmo tempo, as notícias transmitidas pela televisão da Alemanha ocidental (nessa altura uma das principais fontes de informação independente para a população da Alemanha de Leste) anunciavam que o muro de Berlim estava a ser aberto.
Poucos minutos depois, dezenas de milhares de alemães orientais começaram a confluir para o muro que dividia a capital do país dividido. Sem ordens dos seus superiores e sem saber o que fazer, os guardas fronteiriços simplesmente abriram a fronteira para deixar passar as multidões, através deste marco da cortina de ferro que separou a Alemanha e o mundo em campos antagónicos.
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in Visão
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