No jornal, tenho o hábito de distribuir recortes com historietas que me surpreendem. A actividade já me valeu a alcunha cruel de grande-recórter, mas prossigo aliciando colegas: "Já viste?..." Na semana passada, vendi uma notícia lida em jornais franceses e italianos. Tinha havido a cimeira franco-italiana e Sarkozy, com Berlusconi ao lado, falou para as televisões. A dado momento, viu-se que o italiano sussurrava qualquer coisa. Os jornalistas ficaram intrigados. A televisão francesa Canal Plus usou uma leitora de lábios para desvendar o mistério: "Eu dei-te a tua mulher [donna, em italiano]", teria dito Berlusconi. Alusão a Carla Bruni, de origem italiana? Grande escândalo, o Canal Plus chamou-lhe grosseirão, duas euro-deputadas levaram o dichote ao tribunal europeu de Estrasburgo, os jornais publicaram a bronca (e, graças ao meu empenho, o DN também). Ontem, o Corriere della Sera estudou melhor o vídeo e provou que Berlusconi, afinal, disse: "Eu andei na Sorbonne [Sorbona, em italiano]" Melhor que uma notícia gira é uma notícia ainda mais gira. Com Berlusconi não é importante que seja vero basta que seja bene trovato..
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