“Agora, depois do salto de Nélson Évora para o ouro, apetece-me rebobinar para uma incomodidade que me anda a atazanar. Há dias, Marco Fortes fez dois lançamentos nulos do peso e um de 18,05m. Não gostei. Eu, que nem sabia que havia lançamentos nulos. Depois, Fortes disse: “De manhã só é bom é na caminha, pelo menos comigo.” Indignei-me. Eu, que nas condições mais dramáticas fujo para a frente com uma frase irónica. Que sei eu de Fortes para não lhe dar igual veia? E, tendo-a, o direito de usar a ironia? Depois, ele foi 'convidado' a regressar de Pequim. Depois, ele tem sido linchado pelos seus fracasso e frase. Daí, o meu incómodo. Não gosto de uivar com os lobos e fui cúmplice. Eu, que se fizesse 18,05 m em lançamento de crónica (a minha especialidade), então Roberto Pompeu de Toledo, cronista brasileiro da Veja, lançaria a 180,5m. Eu, perante esse meu fiasco, seria capaz de uma frase irónica. E, apesar disso, não deixaria de ser o profissional sério que sou. E Fortes?”
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Na edição de 22 de Agosto do DN, Ferreira Fernandes redimiu-se do que escrevera dias antes a propósito do “muito infeliz” comentário de Marco Fortes. Nada como assumir “um peso na consciência” de forma elegante. É por isso que sou leitora assídua das crónicas de Ferreira Fernandes, um homem que não precisa de “pressões exteriores” para pedir desculpa na altura certa.
1 comentários:
subscrevo inteiramente a sua opinião.
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