O Ocidente suicidou-se na Grande Guerra, de 1914 a 18. Mas sobre o cheiro a cadáver ergueram-se homens redentores, pacifistas, de que cito dois, um de cada lado das trincheiras: o francês Romain Rolland e o austríaco Stefan Zweig. Rolland foi Prémio Nobel da Literatura em plena guerra (1915) e escreve dela um manifesto cujo título, Au-Dessus de la Mêlée ("Por Cima dos Combates"), indica as palavras éticas de que os europeus precisavam. Rolland e Zweig encontraram-se no oásis, Suíça, em 1917, ainda os seus países se combatiam, e vão ser, depois do armistício, os apóstolos da causa comum - a paz. Na década de 20 eles tinham a aura dos homens que tinham tido razão, quando tê-la era difícil e a contracorrente. O problema connosco, os homens, é que somos complicados, não somos ciência certa. Em 30, aconteceu o nazismo. E o pacifismo, a mais nobre causa, ficou como desasada. Zweig passou por Lisboa, fugido de Hitler, foi para o Brasil e suicidou-se em 1942. Rolland passou a II Guerra em zona ocupada pelos alemães, estranhamente calado, e morreu em 1944. Morreram ambos desarmados - o que não é próprio dos pacifistas. Lembro isto para celebrar o grande discurso de Obama ao receber o Nobel da Paz. Esse não está desarmado perante o nazismo de hoje, o radicalismo islâmico.
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