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quarta-feira, 17 de março de 2010

O homem que nos vai mudando

Mourinho voltou ao lugar do creme. Crème de la crème, quero eu dizer sobre o que ele foi em Stamford Bridge, o estádio onde nunca tinha perdido e deu cabazadas de arrogância. E voltou em dois tempos. O jogo de ontem interessa-me pouco, não é com esta idade que vou passar a gostar do Inter. Mas, anteontem, Mourinho jogou no terreno onde eu mais gosto dele: nas conferências de Imprensa. José Mourinho é pago - julgo eu, mas um dia isso vai confirmar-se - pela Associação Portuguesa da Reconstrução do Carácter Nacional (APRCN). Como se sabe, o português-tipo é prestável, qualidade louvável mas que vai por água abaixo quando nos dá para rasar os muros. A humildade perde-nos. Ciente disso, a APRCN mandou Mourinho lá para fora para contrabalançar a nossa fama de bananas. É isso que ele tem feito há longos anos. Anteontem, os jornalistas ingleses estavam rendidos ao seu regresso. Apreciaram-lhe o cabelo apimentado à diva de Hollywood (titulou o Guardian), mas sobretudo o apimentado da língua. Ele lamentou ter ido embora do Chelsea, assim: "Continuei a ganhar grandes coisas. O Chelsea, umas coisitas." Soberba num português é tão raro... Ontem também ouvi o patrão da Ongoing gabando-se, no Parlamento, dos milhões que ganhou no ano passado. Pouco a pouco, o novo português, à Mourinho, vai surgindo.
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1 comentários:

Ritinha disse...

adoro este homem!