Em “Mágoas da Escola”, Daniel Pennac aborda os problemas da escola e da educação desde um ponto de vista insólito – o ponto de vista do mau aluno.
Pennac, que foi ele próprio um péssimo estudante, analisa a figura do cábula outorgando-lhe a nobreza que merece e restituindo-lhe a carga de angústia e dor que inevitavelmente o acompanha. Misturando recordações autobiográficas e reflexões acerca da pedagogia e das disfunções da instituição escolar, sobre a dor de ser um mau estudante e a sede de aprendizagem, sobre o sentimento de exclusão e o amor ao ensino, Daniel Pennac oferece-nos, com amor e ternura, uma brilhante e saborosa lição de inteligência.
“Mágoas da Escola” é um livro único e irrepetível, que todos os pais e todos os professores não podem deixar de ler – e dar a ler.
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Citações:
“- Os profes dão-nos cabo do juízo!
- Enganas-te, o teu juízo já está comprometido. Os professores procuram remediá-lo.”
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“Dantes o cábula era representado de pé, voltado para a parede, com orelhas de burro à volta da cabeça. Esta imagem não estigmatizava nenhuma categoria social em particular, apontava um aluno entre outros, mandado para o canto da sala por não ter aprendido a lição, não ter feito os trabalhos de casa, (…) Hoje em dia, e pela primeira vez na nossa história, é toda uma categoria de crianças e adolescentes que se vêem, quotidianamente, sistematicamente, estigmatizados como cábulas emblemáticos. Já ninguém os volta para a parede, já ninguém lhes põe orelhas de burro, a própria palavra «cábula» caiu em desuso, o racismo é considerado uma infâmia, mas filmam-nos constantemente, mas apontam-nos a toda a França, mas escrevem-se, sobre os malefícios de alguns deles, artigos que os apresentam como um cancro incurável às costas da Educação Nacional. Não satisfeitos por os fazer sofrer o que se assemelha a um apartheid escolar, ainda temos de os encarar como uma doença nacional: são toda a juventude de todos os subúrbios.”